terça-feira, 10 de abril de 2018

Reflexões que o GP do Bahrein levanta

Em caráter experimental, vamos ver se uma seção focada especificamente em reflexões baseadas nos acontecimentos de um GP agrada aos leitores deste espaço...

Se “pegar”, pode se tornar uma seção fixa por aqui...



Pneus - Ocorreu em apenas uma corrida, e ainda assim disputada sem nenhum sol. De fato é cedo para alcançar conclusões, mas pela 1ª vez na “Era Pirelli” pode-se ter chegado ao ponto em que não existe um tipo de pneu nitidamente melhor que outro para vencer uma prova. Ou seja: pode ser que esteja aberta a possibilidade de haver, enfim, opções de estratégias com reais chances de fazer uma equipe conseguir bons resultados. É melhor do que o tipo de pneu que apimenta corridas porque "se derrete"... Ter pneus com variação equilibrada entre resistência e desempenho pode criar alternativas verdadeiras de caminhos a serem escolhidos pelos times, o que é diferente de existir uma opção única e ganhar aquele que trabalhá-la melhor.

*** A “abertura” de estratégias pode ser uma vantagem dos novos pneus, mas que as corridas não se tornem jogos de xadrez. Para quem gosta de ação, é melhor que Mercedes e Ferrari disputem freadas ao invés de pit stops.


Mercedes – “Nosso carro não gosta do calor”, foi a frase dita claramente por Toto Wolff no Bahrein. Ser for mesmo o caso, é um problema, pois quase toda a parte europeia do calendário será sob elevadas temperaturas. Poucos se lembram de um detalhe: a Mercedes não testa com os pneus mais macios na pré-temporada... Sempre anda APENAS com os compostos mais duros. Pode estar pagando por isso nesse começo de ano. Mas vale lembrar que também não tinham alcançado a "sintonia fina" no início de 2017 e, quando ajustaram a máquina, ninguém mais os alcançou.


Verstappen – Tentou ultrapassar, CONSEGUIU, e "abriu" a curva do mesmo modo como 96% dos pilotos fazem. Pessoalmente, sou contra essas chamadas “espalhadas” – acho que deveria ser obrigatório não alargar a curva para que o ultrapassado sempre tenha espaço/chance de defesa. Mas o que fez é algo absolutamente comum e corriqueiro em corridas. Li gente chamando a tentativa de ultrapassagem de “arrogante” (incrível como a ultrapassagem para alguns é algo que, em certas ocasiões, até incomoda)... Toques entre carros acontecem, é sempre importante não se esquecer...



Bottas – Meu critério de análise sempre faz com que eu evite me colocar na posição de presumir se era possível um piloto atacar outro ou não. Mas já vimos algumas vezes - mesmo em 2017, portanto com este modelo de carro – pilotos arriscarem freadas onde a possibilidade de erro era grande, mas em situações em que a ousadia valia o risco e muitas vezes tendo êxito. Bottas estava muito perto de Vettel na freada da curva 1 na volta final. Difícil – dificílimo – imaginar Ricciardo ou Verstappen na mesma situação sem ao menos tentar uma manobra vencedora diante de carros tão próximos... Valtteri é indiscutivelmente um bom piloto. Mas não é e creio que nunca será um dos grandes. Seu emprego segue em risco para o ano que vem.


McLaren – Muito, muito abaixo de sequer liderar o “pelotão do meio”... Não é fácil a situação da equipe. Não há nenhuma garantia de que tão cedo vá retornar à posição de concorrente a vitórias. Em relação ao pelotão do meio, o único ponto de possível otimismo é que possui capacidade ($) de desenvolvimento largamente superior à de Toro Rosso, Haas ou Force India. Mas hoje tem menos carro que a Renault, isso já parece claro.


Vandoorne – Aos poucos e quase que silenciosamente, a “percepção” positiva em torno dele vai se apagando. Não tem outra alternativa: precisa no mínimo disputar com Alonso na pista. Não quer dizer que tenha necessariamente que superar o companheiro, mas seguir distante dele em termos de ritmo e resultados pode ser fatal numa equipe que vem abastecendo suas fileiras de candidatos a uma vaga.


Carlos Sainz – Não faz um bom começo de ano, e sua situação conta com um agravante: a boa performance de Gasly pode ser ruim para seu futuro, ao mudar a ordem na fila para um possível substituto de Ricciardo no time principal da Red Bull. Embora essa possibilidade ainda seja apenas um rascunho, a comparação com Hulkenberg tem sido fortemente desfavorável ao espanhol por enquanto.


Williams – Está pagando à vista por ter priorizado o caixa ao invés da pista. Claire Williams é muito incompetente para ocupar o cargo que ocupa. O carro é ruim, a equipe é mal gerida e não possui pilotos para “forçar” um ou outro brilho como, por exemplo, Alonso fez com a McLaren nos anos recentes.



Faltou algum ponto que não poderia deixar de ser analisado? Concordou ou discordou fortemente de algum dos tópicos acima? Lembre-se que todos os comentários são respondidos antes do próximo texto ser publicado!

10 comentários:

  1. Concordo, seria melhor menos estrategia de box e mais disputa na pista. Quando Verstapen saiu da corrida, pensei, acabou a graça, o cara é um genio, largou em décimo quinto e ja estava ultrapassando Hemilton que partira em nono, me lembra demais o Senna, que também bateu bastante nos tempos da Lotus e ambos, espetaculares na chuva.
    Bottas, não se impos de maneira cabal sobre um Massa em fim de carreira, não seria na Mercedes que daria trabalho ao Hemilton.
    Faltou um tópico sobre a brilhante prova do Gasly, talvez seja mais dificil chegar em quarto com a Toro Rosso, que vencer com uma Ferrari.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A única coisa que discordo do comentário é sobre a disputa Massa x Bottas. Veja a disputa entre os dois:
      2014 - 186 x 134
      2015 - 136 x 121 (sendo que Bottas não correu o GP da Austrália)
      2016 - 85 x 46

      Na minha opinião, considerando as diferenças entre as experiências dos dois (Bottas entrou na F1 em 2013, 11 anos depois de Massa), mostra que Bottas foi muuuuuito superior.

      Excluir
    2. Bruno, tenho certeza que o Bottas foi melhor que o Massa, os pontos mostram essa realidade, porém aí, entram os abandonos, uma estratégia errada durante a corrida etc...que muitas vezes mascaram a verdade.
      Digo Bottas foi superior, mas não aquela coisa marcante, indiscutivel, como Alonso e Massa na Ferrari, Vettel e Webber na Red Bull, Schumaker e Barrichelo, Senna e Berger na Maclarem e tantos outros.
      Se vc olhar sómente pelos pontos Ricciardo ao longo desses últimos tres anos, é muito mais piloto que Versttapen, quando na realidade estão bem próximos.
      Um abraço.

      Excluir
    3. Meu pitaco nessa boa discussão: Acho que Massa era um piloto em 2014, no 1º ano de Williams, e outro no final da carreira, em 16/17. Sempre foi um piloto muito inconstante, mas no seu começo na Williams conseguia "puxar" muito mais, fazendo até aquela pole na Áustria. Com o tempo foi enfraquecendo tecnicamente, e sendo superado não só por Bottas como vários outros pilotos. Quando parou, já era quase uma caricatura de alguém que brigou pelo título até o fim em 2008.

      Bottas não é mau piloto. É um competidor muito rápido. Mas está hoje numa posição de lutar contra gigantes, coisa que ele não é.

      Abraços!

      Excluir
  2. Desculpe postar novamente, porém, gostaria de falar um pouco mais sobre ultrapassagens.
    Devido a configuração aerodinâmica dos carros, não se consegue mais entrar na curva que antecede uma reta, grudado no oponente, pegar o vácuo, tirar de lado, para disputar frenagem. Ao se aproximar do competidor a frente, a turbulência é enorme, desestabilizando a máquina.
    Segundo Bottas, vc começa sentir tal efeito, a tres segundos do carro a frente, hum segundo ou menos a turbulencia é insuportável.
    Outro fator dificultador das ultrapassagens, são os freios. que de tão eficientes, permitem a freada praticamente dentro da curva.
    Barichello em recente entrevista, declarou que a maior velocidade atingida por ele foi em 2004, 370 km, com a Ferrari V10, o record da Austrália é de 2005, de Pedro de La Rosa com Maclaren V10, portanto ja andaram beirando 390/400. Atualmente raramente passam dos 330, quem sabe, uma velocidade bem superior nas retas, propiciariam algumas possibilidades de ultrapassar. Caso contrario os boxes irão determinar cada vez mais os vencedores.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Antonio, sua leitura é muito boa dos problemas e fatores envolvidos. Importante ressaltar que nesse momento a Fórmula 1 discute mudanças para o futuro, e só não atacarão a questão aerodinâmica que tanto influencia nos GPs se não quiserem. Mesmo considerando os custos envolvidos, pois será preciso alterar o projeto dos carros, é hora de um esforço conjunto para elevar o nível das corridas.

      Só não tenho tanta segurança na questão que você cita da velocidade. A Fórmula E não alcança grandes velocidades finais e mesmo assim é muito rica em ultrapassagens - e corre em circuitos incomparavelmente piores que os da F1.

      Poste e comente aqui quantas vezes quiser... A ideia do espaço é ler e ser lido!

      Abraço!

      Excluir
  3. Sobre a manobra do Verstappen, a sensação que eu tenho é que ele espalhou para poder completar a ultrapassagem. Como Alonso estava à frente, e mais lento, ele teria que frear para não bater na traseira e, se fizesse isso, certamente Hamilton recuperaria. Como qualquer piloto que estivesse na mesma situação faria, ele achou melhor espalhar para garantir a posição sobre o adversário. Interessante a percepção das pessoas. Se completasse a ultrapassagem, era gênio. Como tocou e furou o pneu, é burro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Assim como vários diretores de prova fizeram nos últimos anos na F1, muitas pessoas comentam a consequência da manobra ao invés do movimento em si.

      Interessante que você pondera a posição do Alonso na disputa, coisa que pouquíssima gente observou.

      Abs!

      Excluir
  4. Obrigado pelo comentários sobre Bottas. Falei exatamente isso, alto, sozinho, assim que cruzaram a linha de chegada. E o lance da "aerodinâmica desses carros é difícil ultrapassar", desculpe mas muitas ultrapassagens desta e das últimas corridas mostram que é possível sim. "Difícil" não é impedimento para um piloto de altíssima performance. Para mim é ponto final.

    E você não falou da atuação do Gasly? Poxa, senti falta deste "detalhe" no seu texto. Li tudo esperando uma análise técnica...

    Mas gostei do da nova seção. Acho que vai gerar debates interessantes.

    Abraços

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Como sempre, colocaste muito bem. E vale lembrar que o conceito de dificuldade de ultrapassar se aplica em grau MUITO MENOR no Bahrein, onde praticamente não há curvas de alta.

      Quanto ao Gasly, ainda teremos oportunidades para tratar dele por aqui...

      Abraços e obrigado sempre!

      Excluir

ATENÇÃO: Todos os comentários deixados no blog são respondidos! Envie sempre sua opinião e FIQUE LIGADO!