sexta-feira, 11 de maio de 2018

O GP da Espanha por ângulos diferentes

Um lugar onde tive a imensa satisfação de poder estar entre 2011 e 2014.

Entre centenas de fotos, selecionei algumas do "arquivo pessoal" para deixar aqui.









































quarta-feira, 2 de maio de 2018

Por que é importante que Azerbaijão 2018 seja lembrado como exemplo positivo ao invés de negativo

Você se lembra de um GP em que Senna e Prost trocaram de posições tantas vezes numa mesma corrida, com tentativas por dentro e por fora, como fizeram os garotos da Red Bull no último domingo?





A Force India viu toques entre seus pilotos e decretou a proibição total de disputas na pista. A Ferrari, a grande equipe da história da Fórmula 1 e aquela que deveria ser a mais enraizada ao esporte justamente por ter vivido o passado tão rico da Fórmula 1, trabalha claramente para apenas um carro, sendo avessa a batalhas internas. A Mercedes assumidamente contratou um piloto que "convive bem com o outro lado da garagem" – nas palavras ditas pelo próprio Toto Wolf.

Essa é a razão da reflexão expressa neste e no texto anterior.

O que preocupa e, confesso, me causa grande incômodo é ver a turma do “está vendo só” acreditar cada vez mais ter razão. Os que dizem “está vendo só como tem que proibir”, ou que clamam “está vendo só porque essa ou aquela equipe não permite brigas?”. Tenho forte impressão que essa turma ganha mais adeptos quando acidentes como o da Red Bull no Azerbaijão ocorrem. Há pouco tempo lancei no twitter um post condenando a postura pobre da Force India com Perez e Ocon, e me surpreendeu o número de fãs que defendia a proibição, como se o resultado da equipe viesse antes mesmo do divertimento deles próprios, os fãs.

Hoje em dia, muita gente que vai para uma arquibancada ou que assiste pela TV prefere ou aceita que lhe sejam negadas disputas que podem entrar para a história, ou deixar boas "marcas", como potencialmente faziam Ricciardo e Verstappen antes do contato. Nessas horas me pergunto onde está a imprensa, onde guardaram os fundamentos do jornalismo de sempre questionar decisões que beneficiam poucos em detrimento dos muitos que são a razão de existir de qualquer esporte ou produto televisivo.

Um parênteses: não assisti às transmissões nacionais da corrida pela TV – como faço já há 6 anos – mas durante o podcast Café com Velocidade foi citado que comentarias daqui “previram” a batida, algo na mesma linha do que escrevi no post anterior sobre o comentário feito na TV inglesa. Como alguém formado em jornalismo, me espanta e causa lamento ver outros profissionais da área defendendo intervenções “prévias” de equipes em disputas internas, ou achando absurdo e não reconhecendo o valor para o automobilismo que existe em dois carros “da mesma cor” dividindo uma freada.

A Fórmula 1 é muito mais Fórmula 1 quando se depara com uma disputa entre competidores que ocupam a mesma garagem. Isso não deveria ser um “corpo estranho”, muito pelo contrário. A tensão inerente à esse tipo de situação deixa as pessoas que assistem ainda mais ligadas, ainda mais envolvidas e ampliam ainda mais a repercussão no intervalo entre um GP e outro. Quem não está esperando ou já imaginando como vai será na próxima corrida se as duas Red Bull estiverem próximas uma da outra na pista?



Pensemos o seguinte, caro leitor ou leitora: qual grande rivalidade vem à mente quando se fala em Fórmula 1 e seu passado? Para a grande maioria, os nomes que surgem na cabeça são Senna e Prost (em grande parte graças ao fato do brasileiro e do francês terem brigado e duelado enquanto trabalhavam sob o mesmo teto).


Pois eu não me recordo com facilidade de um GP em que Senna e Prost tenham se emparelhado, roda a roda, tantas vezes e por tantas voltas como Ricciardo e Verstappen. É claro que ambos travaram grandes duelos, e certamente boas manobras existiram de fato - como em Ímola em 89... Mas o ponto é que é mais fácil lembrar-se de Senna e Prost se chocando em Suzuka do que trocando de posições 5 ou 6 vezes na mesma prova, com um deles tentando ora por dentro ora por fora, como os garotos da Red Bull fizeram no último domingo.

Mas infelizmente Ricciardo e Verstappen, depois de mostrar tanta qualidade e técnica, escorregaram e protagonizaram uma batida. Uma batida que tem, nos dias atuais, um potencial destrutivo muito grande, porque não fez apenas com que uma grande equipe tenha perdido pontos no Campeonato Mundial, mas pode ter feito com que muitos cheguem à conclusão que liberar pilotos para brigar entre si é algo maléfico, ou algo tão perigoso que merece ser podado desde a raiz. Outras equipes podem, vendo o que aconteceu, endurecer suas regras como fizeram as citadas no 1º parágrafo. Espero não estar certo, mas enxergo enorme risco de se associar qualquer disputa interna a um "acidente em potencial".

Como se um toque não pudesse ser discutido, trabalhado e não se pudesse EVOLUIR com base nele. Jamais deve-se relevar este tipo de batida, mas sim usar o que aconteceu e tentar trabalhar em cima disso, seja conversando com os pilotos, seja punindo financeiramente, seja até mesmo suspendendo alguém (mesmo sendo surreal de se imaginar que isso aconteça de fato). Há muitas opções em alternativa à pura e simples proibição.

Importante que a imprensa e os fãs entendam que possuem um papel a cumprir em momentos como esse: o papel de não aceitar que a Fórmula 1 - e por consequência o automobilismo - fiquem mais pobres depois de GPs tão ricos.