Com
grande honra o quadro COLUNA DO LEITOR estreia no blog com texto do grande
parceiro Marcelo Cesarino. Que seja a primeira de muitas (e de muitos)! O texto
é sobre um tema que também abordarei no próximo texto.
Olá
Amigos do Além da Velocidade,
Aqui
começa um espaço para os leitores e fãs do automobilismo deixem seu legado
neste grande mundo louco da internet. Primeiramente, gostaria de dizer que
estou muito honrado por poder escrever aqui e ainda mais sendo o pioneiro. Espero
não decepcionar, Mestre Fábio Campos! Sem contar que sou grato de conhecer
pessoas como os “Thiagos”, Bárbara Franzin e todos aqueles que participam do podcast “Café com Velocidade”.
É
muito legal saber que ainda existem pessoas que curtem muito o automobilismo,
que estudam este esporte e ajudam
propagar essa nossa “febre”, ainda mais nesta fase triste e decadente
que vive o esporte no Brasil, em que a grande parte das pessoas apenas se
interessam quando um brasileiro vence.
Bom,
vamos lá! Quando Fábio Campos me convidou para fazer este texto, pensei muito
no que escrever e não chegava a uma conclusão. Pensei, inicialmente, em
escrever sobre a F1 em 2016 e a fase atual da briga Rosberg e Hamilton, mas
relutei, pois ao ver muitas pessoas especializadas ou que se dizem
especializadas falando do assunto, o que eu poderia agregar?
Posteriormente,
pensei em escrever sobre o passado da F1, aqueles que são os meus anos
preferidos: o final dos anos 70, anos 80 e o princípio dos anos 90. Entretanto,
sei que muita gente não gosta desse “nostalgismo” e muitos outros - mais novos
- não viveram estes tempos e por isso não possuem conhecimento do que essa
época representou a F1.
Nesta
dúvida atroz, resolvi fazer um paralelo da disputa atual entre Hamilton X Rosberg
e a disputa Prost x Senna no final dos anos 80, tentando tirar as diferenças e
semelhanças da situação, embora eu acredite que não haja tantas semelhanças
assim.
Como
semelhança principal temos, neste momento, dois pilotos empenhados em buscar o
título de campeão do mundo, sendo
que um é “multi-campeão” e o outro não é campeão e sofre uma grande pressão pessoal
e da imprensa para se tornar um, assim como aconteceu em 1988. Outra semelhança
com 88 é que um dos pilotos é extremamente talentoso, arrojado e que gosta de
correr riscos. O outro é mais técnico, calmo e extremamente prudente dentro e
fora das pistas. Ambos dentro de uma equipe que por hora, permite a “contra
gosto” que seus pilotos disputem o título.
As
semelhanças param por aí. O restante é tudo muito diferente de 1988, começando
pelo contexto e filosofia da época. Não existia essa política tão pesada, e por
que não dizer tão desgraçada, das tais “ordens de equipe”. Política essa, que
foi abraçada e idolatrada pela Ferrari, principalmente na “Era Schumacher”, e
que tão mal fizeram à Fórmula 1. Disputa entre companheiros de equipe na pista
era algo normal e era impensável que engenheiros e chefes de equipes estipulassem,
a todo o momento, que o piloto número 1 deve ficar sempre à frente do número 2.
Saindo
da política e entrando na capacidade de cada piloto, chegamos o coração da
questão. Prost e Senna, a despeito dos números, foram (ou são) pilotos melhores
que Hamilton e Rosberg. Os dois, em 1988, eram mais maduros e completos do que
Hamilton e Rosberg são hoje. E algo mais grave, a diferença técnica (ou
capacidade!) entre Hamilton e Rosberg é muito maior que a diferença entre Senna
e Prost, pois estes dois últimos praticamente se equiparavam. Rosberg, que
recebe constantes críticas minhas, é um piloto limitado, pouco arrojado e que
tem muitas dificuldades em superar situações adversas, vide seu desempenho em corridas
com chuva, por exemplo. Ainda para piorar, Rosberg não usufrui de plena
confiança da cúpula da Mercedes, que já o viu “falhar” algumas vezes na hora
decisiva. Por isso teve que sofrer até para renovar o seu contrato com a equipe,
vendo o fantasma de Pascal Werhlein crescer dentro do time alemão.
Sabidamente
Hamilton é mais piloto que Rosberg e é o favorito a ser campeão em 2016, mas isso
significa que necessariamente ele deve ser o campeão deste ano? Não.
Se
Rosberg conseguisse manter o ótimo ritmo e força mental que teve no início do
ano contra “os excessos e imprudências” de Hamilton, mereceria ser campeão. Entretanto,
o momento do campeonato é diferente, e Hamilton tem sido sistematicamente mais
rápido nos últimos GPs. Até por isso, nem critiquei muito Nico por sua manobra
contra Hamilton na Áustria. Depois de fazer a sua melhor corrida na F1 até a
última volta, ele não podia ser ultrapassado por fora na única chance que Lewis
tinha. Embora fosse um prejuízo de pontuação menor, seria uma “amarelada” muito
grande e Rosberg precisa mostrar que tem condições de ser campeão.
Bom,
acho que alonguei demais. Finalizando, o mais importante: acima de qualquer
discussão, é que tenhamos um restante de campeonato muito disputado dentro da
pista entre os dois postulantes ao título e acima disso, que o campeonato não
seja decido em “rádios” durante as corridas ou em reuniões fechadas dos
cartolas da Mercedes. Que vença o mais merecedor
Abraços a todos and keep yourself alive!