Dias como
este 4 de Agosto já aconteceram outras vezes, confesso. Posso afirmar que, felizmente, o que vem
pela frente não será algo inédito.
Em dias como
o de hoje eu me forço a lembrar de quando eu era “menino pequeno” e
ficava vendo as imagens aéreas dos circuitos de Fórmula 1 na TV, sempre tentando
reparar nos “cantos” da imagem, no chamado entorno dos autódromos, sempre tentando
identificar portões de acesso, sempre imaginando o que eu teria
que fazer para encontrar supostas entradas se um dia eu estivesse naqueles cenários de sonho. Sempre enxerguei a Europa e seus traçados como algo inalcançável, algo difícil de pôr os pés um dia. É o que pensa cada pessoa, digamos, "normal" quando se liga a TV num domingo de corrida da maior categoria de todas.
Ver uma
corrida de Fórmula 1 ao vivo, fosse em São Paulo ou no Rio de Janeiro, sempre
me pareceu um feito difícil, mas plenamente possível. Tão possível que acabou por se tornar algo que desde
1998 já faz parte da minha vida.
Mas assistir
a uma corrida de Fórmula 1 na Europa sempre foi um sonho daqueles que você tem,
mas que sabe que beira o impossível.
Só que
as voltas acontecem e às vezes o impossível se torna possível.
Hoje tive a
certeza de que o sonho vai se tornar novamente real, embora não tenha deixado nunca de ser um sonho. A melhor coisa que pode acontecer ao conseguir se realizar um sonho é ter a certeza de que ele continua sendo um sonho.
A partir de 24 de
Agosto, uma viagem para pisar em terrenos que sempre pareceram cenários de
ficção. Até hoje ainda parecem...
Spa-Francorchamps,
Bélgica... Monza, Itália.
Dias como o
de hoje são o ponto de partida para semanas que podem ser chamadas de tudo, menos de “corriqueiras”.
A partir de agora, dorme-se pensando nisso, acorda-se pensando nisso e
passam-se os dias a pensar sobre isso, imaginando-se os detalhes a acertar,
pensando em cuidar de tudo para que, quando estiver sozinho “lá longe” nada de imprevisível aconteça. Por essa
tensão, por essa expectativa, por essa adrenalina
– adrenalina que vicia (não tenha dúvida disso, leitor), por tudo isso, dias
como o de hoje garantem que os que virão sejam diferentes, mas
diferentes de um modo tão positivo que você, depois que tudo passar, sentirá falta
até mesmo da sensação que reforça aquela frase que diz que “o melhor da festa é esperar por ela”.
Ok,
não será a primeira vez... Mas mesmo que
não seja, ainda acho que a sorte que tenho (não só ter a oportunidade de ir
até lá, mas também poder voltar lá) se materializa quando não deixo que o sentimento e a emoção que envolvem essas jornadas se
tornem algo comum. A sensação, por incrível que possa parecer, ainda é de
novidade. Uma novidade que não é nova, mas que parece com a da primeira vez.
Certa vez vi
na TV um jornalista que há décadas faz cobertura de GPs dizer que ainda sente
adrenalina quando vai para a pista, ou quando escuta o primeiro motor roncar alto
(quando o citado jornalista fez essa afirmação, os motores ainda roncavam
alto).
Lembro que
duvidei do que dizia o profissional... “Como pode jornalista tão experiente sentir
o mesmo frio na barriga – palavras do mesmo – que sentem os iniciantes que
pisam num autódromo pela primeira vez?”, pensei.
Eu estava
errado.
Ir para uma
pista ver uma corrida de Fórmula 1 nunca será algo corriqueiro. Pelo menos não para
alguns....
Ir para uma
pista de Fórmula 1, depois de passar toda uma infância sonhando, e se achando
tão distante daquilo, é algo que vale cada centavo, cada sacrifício. Não é como no
comercial de cartões que diz “não tem preço”.
Sim, tem um preço. Mas como tudo
que se compra, deve-se refletir sobre o que se ganha ser mais valioso do que aquilo que é cobrado.
E quando você
viaja para ver uma corrida lá fora, quando você pisa dentro daquele universo tão distante
ou quando o primeiro carro cruza o asfalto a sua frente, você ganha algo que
ficará com você para sempre. Ninguém poderá lhe roubar, ninguém poderá lhe tirar.
O que se
ganha ao pisar em Spa ou em Monza são coisas que não vou nem tentar a aventura
de converter em palavras. A única coisa que posso afirmar com a convicção de não errar é:
ganhe o que for, sinta-se o que for, será algo que um fã de corridas guardará com ele para o resto da vida.
Perguntam-me sempre: Vale
o sacrifício?
De fato, uma imagem vale mais que mil palavras...
Sabe de uma coisa Campos, vc está corretíssimo. Se tem uma imagem que me recordo com carinho de Spa, foi vc que me proporcionou. Uma imagem pura, singela, quando na Eau Roje, vc captou uma criança andando num carrinho. Já pensou no que sonhava aquela criança?...Sonhava que um dia ela iria pilotar um Fórmula 1 de verdade. Pelo seu sorriso, dava pra enxergar isso.
ResponderExcluirMeu sonho vai na mesma linha do seu, sendo que é ir assistir as 600 milhas de Charlote, onde se eu tivesse sonhado de verdade, veria neste ano, meu piloto favorito vencer.
Não sei para vc qual é o sentido da sua vida, mas o sentido da sua vida para nós, leitores, é continuar nos fazendo sonhar.
Show, Fábio. Li seu texto lembrando da minha infância, com sonhos parecidos com os seus... Aproveita, Mr. Fields! Nós estaremos com você na torcida para serem mais duas provas inesquecíveis!
ResponderExcluirCristiano Estolano
Que felicidade em ler essa notícia Campos! Na certeza que um amigo realiza, mais uma vez, o sonho contínuo de está em um templo sagrado do automobilismo.
ResponderExcluirMais rápido que um F1, Além da Velocidade, já penso na alegria do retorno para nós leitores e ouvintes!
Fábio,
ResponderExcluirCertamente vale o "sacrifício". Estar justamente nesta duas etapas, consideradas por onze entre dez amantes do esporte a motor, como "templos sagrados", realmente não tem preço!
Agradeço pela visita no blog, e o link já está devidamente exposto em "visita recomendada"
grande abraço
*nestas
ResponderExcluirBoa Fábio, afinal alguém naquela Rádio Fumec tinha que vingar! Levando em conta o sucesso da foto no topo da Eau Rouge (tal qual um Buda) que sugeri, pensarei em novas pautas fotográficas aqui! Vai nessa meu filho!
ResponderExcluirminhas duas pistas prediletas. Monza mais que tudo.
ResponderExcluirDivirta-se e divirta-nos.
Só vou dizer aqui eu um dia irei contigo assistir uma corrida em Spa.
ResponderExcluirMas te dou razão no ponto que conheço: Em 2016 faço 25 anos ininterruptos de GP Brasil de Fórmula 1... e até hoje o cheiro da gasolina e a sensação do rugido no primeiro treino livre ainda é a mesma de quando eu tinha míseros 7 anos de idade.
Grande abraço e boa viagem, meu amigo!