sexta-feira, 29 de julho de 2016

Coluna do Leitor: Contradições (ou paralelos) na rivalidade entre companheiros de equipe

Com grande honra o quadro COLUNA DO LEITOR estreia no blog com texto do grande parceiro Marcelo Cesarino. Que seja a primeira de muitas (e de muitos)! O texto é sobre um tema que também abordarei no próximo texto.


Olá Amigos do Além da Velocidade,

Aqui começa um espaço para os leitores e fãs do automobilismo deixem seu legado neste grande mundo louco da internet. Primeiramente, gostaria de dizer que estou muito honrado por poder escrever aqui e ainda mais sendo o pioneiro. Espero não decepcionar, Mestre Fábio Campos! Sem contar que sou grato de conhecer pessoas como os “Thiagos”, Bárbara Franzin e todos aqueles que participam do podcast “Café com Velocidade”.

É muito legal saber que ainda existem pessoas que curtem muito o automobilismo, que estudam este esporte e ajudam  propagar essa nossa “febre”, ainda mais nesta fase triste e decadente que vive o esporte no Brasil, em que a grande parte das pessoas apenas se interessam quando um brasileiro vence.

Bom, vamos lá! Quando Fábio Campos me convidou para fazer este texto, pensei muito no que escrever e não chegava a uma conclusão. Pensei, inicialmente, em escrever sobre a F1 em 2016 e a fase atual da briga Rosberg e Hamilton, mas relutei, pois ao ver muitas pessoas especializadas ou que se dizem especializadas falando do assunto, o que eu poderia agregar?

Posteriormente, pensei em escrever sobre o passado da F1, aqueles que são os meus anos preferidos: o final dos anos 70, anos 80 e o princípio dos anos 90. Entretanto, sei que muita gente não gosta desse “nostalgismo” e muitos outros - mais novos - não viveram estes tempos e por isso não possuem conhecimento do que essa época representou a F1.

Nesta dúvida atroz, resolvi fazer um paralelo da disputa atual entre Hamilton X Rosberg e a disputa Prost x Senna no final dos anos 80, tentando tirar as diferenças e semelhanças da situação, embora eu acredite que não haja tantas semelhanças assim.

Como semelhança principal temos, neste momento, dois pilotos empenhados em buscar o título de campeão do mundo, sendo que um é “multi-campeão” e o outro não é campeão e sofre uma grande pressão pessoal e da imprensa para se tornar um, assim como aconteceu em 1988. Outra semelhança com 88 é que um dos pilotos é extremamente talentoso, arrojado e que gosta de correr riscos. O outro é mais técnico, calmo e extremamente prudente dentro e fora das pistas. Ambos dentro de uma equipe que por hora, permite a “contra gosto” que seus pilotos disputem o título.

As semelhanças param por aí. O restante é tudo muito diferente de 1988, começando pelo contexto e filosofia da época. Não existia essa política tão pesada, e por que não dizer tão desgraçada, das tais “ordens de equipe”. Política essa, que foi abraçada e idolatrada pela Ferrari, principalmente na “Era Schumacher”, e que tão mal fizeram à Fórmula 1. Disputa entre companheiros de equipe na pista era algo normal e era impensável que engenheiros e chefes de equipes estipulassem, a todo o momento, que o piloto número 1 deve ficar sempre à frente do número 2.


Saindo da política e entrando na capacidade de cada piloto, chegamos o coração da questão. Prost e Senna, a despeito dos números, foram (ou são) pilotos melhores que Hamilton e Rosberg. Os dois, em 1988, eram mais maduros e completos do que Hamilton e Rosberg são hoje. E algo mais grave, a diferença técnica (ou capacidade!) entre Hamilton e Rosberg é muito maior que a diferença entre Senna e Prost, pois estes dois últimos praticamente se equiparavam. Rosberg, que recebe constantes críticas minhas, é um piloto limitado, pouco arrojado e que tem muitas dificuldades em superar situações adversas, vide seu desempenho em corridas com chuva, por exemplo. Ainda para piorar, Rosberg não usufrui de plena confiança da cúpula da Mercedes, que já o viu “falhar” algumas vezes na hora decisiva. Por isso teve que sofrer até para renovar o seu contrato com a equipe, vendo o fantasma de Pascal Werhlein crescer dentro do time alemão.

Sabidamente Hamilton é mais piloto que Rosberg e é o favorito a ser campeão em 2016, mas isso significa que necessariamente ele deve ser o campeão deste ano? Não.

Se Rosberg conseguisse manter o ótimo ritmo e força mental que teve no início do ano contra “os excessos e imprudências” de Hamilton, mereceria ser campeão. Entretanto, o momento do campeonato é diferente, e Hamilton tem sido sistematicamente mais rápido nos últimos GPs. Até por isso, nem critiquei muito Nico por sua manobra contra Hamilton na Áustria. Depois de fazer a sua melhor corrida na F1 até a última volta, ele não podia ser ultrapassado por fora na única chance que Lewis tinha. Embora fosse um prejuízo de pontuação menor, seria uma “amarelada” muito grande e Rosberg precisa mostrar que tem condições de ser campeão.

Bom, acho que alonguei demais. Finalizando, o mais importante: acima de qualquer discussão, é que tenhamos um restante de campeonato muito disputado dentro da pista entre os dois postulantes ao título e acima disso, que o campeonato não seja decido em “rádios” durante as corridas ou em reuniões fechadas dos cartolas da Mercedes. Que vença o mais merecedor


Abraços a todos and keep yourself alive!

8 comentários:

  1. "Se Rosberg conseguisse manter o ótimo ritmo e força mental que teve no início do ano contra “os excessos e imprudências” de Hamilton, mereceria ser campeão."

    Pelo que vi, o único (?)"excessos e imprudências" do Hamilton, foi no GP da Espanha quando ele se lançou pra ultrapassar o Rosberg e que deu naquela lambança! De resto, ou foi falha do equipamento fornecido pela equipe e/ou fator-externo (acertado pelo Bottas no Barhein) que o impediram de lutar pela vitória nas corridas. Más quando teve um carro descente, o Hamilton sempre superou o Rosberg! O único se não para o título, será pelo motivo dele já esta na 5ª UP e, a qualquer momento terá que pagar pelo limite extrapolado. E mesmo assim eu aposto que Hamilton tem muita chance de levar o campeonato no final do ano.

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    1. Bons pontos, dvdbraz. Embora eu não tenha certeza de que houve culpa do Hamilton na Espanha.

      Abraços!

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  2. Grande Cesarino! Belo texto e boa escolha de assunto.

    Eu acrescentaria um detalhe aí nas comparações. As vezes as pessoas esquecem de observar um ponto muito importante nas qualidades de Hamilton e que eu sinceramente acho que foi onde ele mais amadureceu: Sua capacidade de recuperação.

    Hamilton é brilhante em termos de técnica, arrojo e pilotagem. E quem diz que não, quem afirma que ele "só está num bom carro" (algo que tive que ler outro dia em um veículo de mídia de grande relevância que juro que não vou citar nem o nome para não dar visibilidade) não acompanhou a carreira dele ainda no kart. Lewis é sim uma cara surpreendente e teve uma carreira ainda mais meteórica que o tão comentado Max Verstappen.

    Porém, o que mais me impressiona é a capacidade que ele tem de sair lá de trás do pelotão e conseguir chegar a grande maioria das vezes entre as primeiras posições. Hamilton não tem só o melhor carro, mas ele sabe o que faz dentro dela em qualquer situação.

    Na minha opinião, esta é uma das características mais raras de se encontrar, até mesmo entre os campeões mundiais.

    Existiram pilotos com mais de um título que dependeram muito mais do equipamento do que de sua capacidade de fazer corridas incríveis com o que tem na mão. Hamilton é um dos caras, que conseguem ir além e, como você comentou no texto, superar situações muito difíceis para garantir que as adversidades não comprometam aquilo que ele precisa para chegar à frente no campeonato.

    Além disso, eu só acrescentaria outro exemplo que não a chuva para comparar as capacidades de Rosberg com o Prost, porque o Professor era ainda mais terrível no molhado! hahaha! Prost conseguia sair da pista na volta de apresentação com as primeiras gostas de chuva.

    Um forte abraço e parabéns pela participação!

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    1. Um ponto que reforça o seu argumento é que Rosberg em várias corridas (vide Hockeimheim) não conseguiu a recuperação que seu equipamento sugere. De fato a capacidade de recuperação em situações adversas é um critério de análise!

      Bem lembrado!

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  3. Rosberg está no modo vai ou racha.
    Hamilton é mais piloto e desde a chegada na Mercedes ele aliou seu estilo totalmente agressivo ao gerenciador de equipamento e corrida o que o torna um passo mais acima dos outros.
    Sei que está fora do contexto, mas minha decepção desse ano fica para Ferrari e Vettel.
    Parabéns pela participação!!!

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    1. Como é bom ver pilotos no modo "vai ou racha", não é Richard?

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  4. Estreou muito bem Cesarino. As comparações foram muito bemais colocadas. Na minha opinião o confronto Senna X Prost era mais equilibrado do que Nico X Hamilton. Hamilton é mais piloto que Nico. É mais arrojado, é mais "cabeça fria" e tem o poder de recuperação muito maior. No começo desse ano, não foi por mérito de Nico a grande diferença na pontuação e sim por problemas técnicos e mecânicos no carro do Ham. Eu sou um poucomentário mais corajosa e acredito que Ham será campeão esse ano sim..

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    1. Sempre bom ler os comentários da 'Fab' por aqui! De fato o brasileiro e o francês se comparavam muito mais, por isso ressaltei no post seguinte que um dos méritos de Nico é brigar, muitas vezes de igual para igual, com um piloto claramente um nível acima!

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